As imagens da bola oficial da Adidas para a Copa de 2022 sendo carregada em tomadas à beira do campo chamou a atenção dos fãs do futebol. Tudo porque a ‘Al Rhila’ é um dos primeiros modelos de bola totalmente conectada, que conta com uma série de sensores para enviar mais de 500 informações por segundo ao VAR de cada partida.
E a tendência para os próximos anos é de que a inteligência artificial adentre cada vez mais ao mundo do futebol, seja nas quatro linhas, seja nos bastidores. Então, como imaginar o futuro do esporte com a tecnologia funcionando como o ‘12º jogador’?
O já ‘antigo’ scouting do futebol
A coleta de dados não é nada recente no futebol. Desde o século passado, muitos clubes, sobretudo na Inglaterra, investiam em profissionais a cargo de sentarem-se na arquibancada e anotar os acontecimentos do jogo. O que os anos 2000 trouxeram foi uma capacidade de coleta e armazenamento que nenhum ‘olheiro’ jamais poderia fazer com seu bloco de notas.
Já há algum tempo, os softwares de análise de desempenho oferecem dados e estatísticas detalhados de jogadores e de equipes ao redor do mundo, um serviço chamado de ‘scouting’. E um exemplo da prática foi o Corinthians de 2012. À época, o clube buscava um centroavante cabeceador para a disputa do Mundial de Clubes. O Centro de Inteligência da equipe indicou Paolo Guerrero. Quatro meses depois, o peruano marcava o gol contra o Chelsea que deu o título de campeão do mundo para os brasileiros.
As estatísticas para o público
A revolução do ‘scouting’ no futebol se deu a partir do momento em que a análise de dados saiu dos softwares mais caros e complexos. Nos anos 2020, o próprio torcedor pode acessar um largo número de estatísticas dos campeonatos e dos atletas. Dessa maneira, a conversa sobre o jogo incorporou termos como ‘média de participação em gols’.
A melhoria da captação e do armazenamento de dados de desempenho também propiciaram o crescimento de um mercado muito importante para o futebol atual, as apostas esportivas! As casas definem as cotações para os jogos a partir da análise das probabilidades com base no histórico recente das equipes.
Por exemplo, uma plataforma esportiva como a Midnite, especializada em apostas, traz uma ampla oferta de entradas em diferentes eventos possíveis no jogo, como número de cartões, gols, tempos e finalizações; tudo com base em um minucioso processamento dos dados de partidas ao redor do mundo.
Assim, o ato de assistir ao jogo tem sido transformado pelo uso de dados. A cada vez mais, o conceito de ‘segunda tela’ atinge o futebol, com os torcedores assistindo a partida na TV e acompanhando as bets ou as estatísticas com os celulares em mãos; é a inteligência artificial fazendo parte do show
A inteligência artificial para aprimorar o desempenho
O atacante Yuri Alberto, do Corinthians, viralizou nas redes mostrando os dados de um anel inteligente utilizado na prévia de jogos do Brasileirão. O dispositivo é capaz de medir batimentos cardíacos, níveis de sonos e outros dados fisiológicos para oferecer um score de preparação física.
O uso de tais gadgets amplia ainda mais a análise de dados disponíveis para o jogador. Os clubes já se utilizam de estatísticas para traçar estratégias e planos individuais para cada atleta. Porém, a tecnologia dos dispositivos inteligentes vai ainda mais a fundo para auxiliar o profissional a melhorar fundamentos do dia a dia, como alimentação, sono, respiração e qualidade de vida.
A resolução dos problemas em campo
A inteligência artificial já começou a ser utilizada para resolver problemas dentro do campo. No Qatar, a FIFA implementou a marcação de impedimento semiautomático e inteligente. Os sensores inseridos na bola da Adidas precisam o momento exato da saída da bola dos pés do atleta. Os dados são cruzados com o software que traça a linha da defesa e conseguem precisar com exatidão se o lance foi válido ou não.
A mesma tecnologia foi utilizada na Copa para definir que Cristiano Ronaldo não desviou a bola no lance do primeiro gol contra o Uruguai. Assim, o árbitro assinou a súmula com o tento anotado para Bruno Fernandes. Outro problema que a inteligência artificial pode resolver é sobre a saída da bola nas linhas. No mesmo mundial, o gol do Japão na vitória sobre a Espanha gerou polêmica em relação à permanência da bola dentro de campo.
De fato, a tecnologia já parece ter resolvido o problema do impedimento. Os lances de falta e de mão na bola são mais díficeis de se precisar para além do árbitro de vídeo. Porém, não é difícil de se pensar que o futuro pode trazer sensores mais apurados para a mensuração de toques nas partes físicas dos atletas.
A inteligência artificial para as transmissões
A próxima grande revolução da tecnologia no futebol pode se tratar das transmissões. Pela primeira vez na história, uma Copa do Mundo foi transmitida pelo YouTube, em 2022. Nesse caso, a rede social foi utilizada meramente como tela. Porém, ainda no mesmo ano, o Prime Video transmitiu a Copa do Brasil com mais de uma narração diferente à escolha do público.
Dessa maneira, a inteligência artificial dos algoritmos e das redes sociais podem oferecer diferentes experiências de transmissão para os usuários. Não é difícil de se imaginar uma construção de feed da partida, com a escolha da narração, da câmera e até dos replays em tempo real.
A realidade aumentada também pode ser uma tendência para os próximos anos. Apesar de os óculos de realidade virtual ainda não terem adentrado no dia a dia da população, dá para se pensar que o futebol pode ser um canal importante para o desenvolvimento da tecnologia. Imagina ter a experiência de ver o time no estádio sentado no sofá de casa?